quinta-feira, maio 14, 2009

Uma corrida de ônibus...

7:30, Parque Continental, ônibus lotado. Era esta a situação que encontrei ao chegar no ponto para poder ir trabalhar hoje, quarta-feira, dia de rodízio na grande metrópole paulistana.

Como muito esforço, entrei no ônibus e consegui um lugar hiper disputado, mesmo que de pé, perto da porta de saída, neste ônibus até então desconhecido para mim. Fiquei atrás de duas meninas que conversavam animadamente, pareciam estudantes de segundo ano colegial (ensino médio, hoje).

Conversavam tanto que não teve como eu não ouvir a conversa. Falando de roupa, marcas e qualquer tipo de consumo. Fiquei com medo. Mesmo escrevendo sobre moda, nunca imaginei tamanho conhecimento no friso do tênis da marca X, que o pai iria trazer o perfume Y dos Estados Unidos, porque do Paraguai não presta, que a menina de não sei onde tinha comprado um óculos da marca XPTO que ela nunca usaria. Medo, medo extremo.

Neste meio tempo, percebo que há um homem falando sozinho. Ok, isto acontece muito em São Paulo. Mas depois fui perceber que ele tem aquela síndrome onde a pessoa grita sem motivo algum, a Síndrome de Tourette.

E sem querem bato na mão da mulher do meu lado, minha bolsa quase no chão, e ainda bem que vim de tênis (sem marca aparente), porque salto e ônibus não combinam, ainda mais quando você vai de pé.

E o rapaz falando algo incompreensível e ele mesmo mandando ficar quieto. Quase pedi a ele que solicitasse às duas moçoilas calarem a boca, porque eu estava com mais medo dela do que qualquer outra coisa.

Balanço, curvas e consegui me acomodar melhor, colocar a minha bolsa no ombro e segurar o corrimão com as duas mãos. Melhor assim não caio em cima destas meninas. E elas continuaram a falar de roupa. E o rapaz com a Síndrome de Tourette, com todo o respeito, resolveu descer. Será que ele vai gritar com alguém? Não, ele pediu licença e desceu. Uma pena, porque agora vou ter que escutar estas meninas falando de marcas com tantos detalhes e produtos que eu desconhecia. Medo, medo extremo.

E o assunto mudou: agora era a gravidez de alguém. E pensei: este colégio não chega nunca! Não mesmo, elas devem trabalhar em alguma empresa, pois uma delas puxou um crachá. Ainda bem que não trabalham na mesma empresa que a minha, senão o medo iria aumentar. Imagine encontrar estas pessoas na reunião de resultados da empresa? Medo, medo extremo.

E elas desceram, ufa, ainda bem. Mas o meu ponto já estava perto. Já ia descer e começar mais um dia de trabalho. A viagem transcorreu normal, mas o medo continuou até o momento de escrever este texto. Consumo excessivo e conhecimento extremo de detalhes das marcas. É... uma viagem de ônibus rende bastante coisa....

Um comentário:

quis quid quomodo disse...

coletivo tbem é cultura! bjs